A cidade de Vila Dourada sempre foi considerada uma cidade muito
hospitaleira. Recebe sempre bem aqueles que chegam na cidade, seja por
passeio, viagem, trabalho ou para residir de vez.
Um certo dia, chegou na cidade um casal com seus dois filhos. O pai se
chamava Aníbal, a mãe se chamava Júlia, e os meninos, Aurélio e Áurea.
Eles passaram a morar no centro da cidade.
Logo, eles conquistaram a simpatia dos moradores da cidade. Aurélio e
Áurea fizeram logo muitos amiguinhos. Entre eles, Angélica, Lalá
Descalça, Eloiza, Mecinho, a mendiga Laís Emanuelle, Karol, Reydson e
Cacá. Áurea ria muito com as maluquices de Reydson e Cacá.
Mas um belo dia, uma coisa triste aconteceu: Áurea foi pegar uma
moto-táxi para ir para sua casa, vindo de um lugar distante, e a moto
bateu em um poste. Áurea ficou desacordada, bem como o motoqueiro.
Os mendigos Elvira e Valdenes passavam por ali, quando ficaram assustados com a cena. Elvira disse:
- Ai, ai, o que é isso?????
Valdenes disse:
- Uma moto e duas pessoas caídas no chão!
Viram que os dois se mexiam. A menina dizia:
- Socorro!
Elvira e Valdenes se aproximaram dela; Elvira disse:
- Você está bem?
Valdenes ralhou com Elvira:
- Não seja burra, Elvira, se ela estivesse bem, não estava com tanto sangue!
Elvira disse:
- Então, vamos socorrê-los!
Charmaram outros mendigos que ali estavam, como por exemplo, Michele,
Gabriella, Elton, Flaviana, Natinha, Kayque, Lílian e Gilson, e pegaram a
menina e o motoqueiro, mas ao verem uma ambulância passando, gritaram
pela ambulância para vir socorrer as duas pessoas. A ambulância do SAMU
veio e os levou ao hospital. O motoqueiro estava fora de perigo, mas o
estado da menina era muito grave.
A médica Mandinha Ciel atendeu a menina. Os pais e o irmão dela apareceram ali, desesperados. O seu Aníbal disse:
- Como está nossa filha?
Mandinha Ciel respondeu:
- Ela perdeu muito sangue!
Começaram a chorar; Mandinha Ciel disse:
- Olha, a Áurea vai precisar urgentemente de doação de sangue!
Ficaram calados; a médica disse:
- Ou ela recebe sangue, ou ela pode morrer!
Aníbal disse:
- Doutora, não aceitaremos doação de sangue! Somos Testemunhas de Jeová!
A médica ficou impressionada. Ela disse:
- Desculpe, mas a religião importa mais do que a vida da filha de vocês, é?
Aníbal disse:
- Tem que haver uma outra forma, mas doação de sangue não dá!
Mandinha Ciel disse:
- Pois não tem outra forma. Ela precisa urgente de doação de sangue!
- Pois não vamos aceitar! - reclamou Júlia. - Obedecemos a Jeová, e Ele
diz na Bíblia para não ingerir sangue! Portanto, não queremos que doem
sangue pra nossa filha!
Mandinha Ciel retrucou:
- Eu, como médica, tenho o dever de salvar a vida dos meus pacientes.
Portanto, irei sim atrás de um doador para ela. Mesmo que não queiram!
Usarei os meios jurídicos!
- Faça como quiser! Mas temos que obedecer à Lei de Jeová!
Mandinha Ciel saiiu do hospital, nervosa com os pais da menina e foi até
o Fórum falar com a juíza Suely. Quando a médica contou o que estava
acontecendo, Suely regiu de forma indignada:
- Puxa, a filha deles morrendo e mesmo assim preferem recusar por causa de uma religião!
- Pois é, eu estou nervosa, pois a menina está perdendo muito sangue!
- Vou resolver isso! - disse Suely.
Suely imprimiu uma ordem judicial para que a menina pudesse receber
sangue. Mandinha Ciel correu para o hospital, e disse aos pais dela:
- Ordem judicial não se discute, se cumpre! Portanto, essa menina terá que ter sangue doado!
Aníbal reagiu, nervoso:
- Não pense que aceitaremos isso não, doutora. Vamos buscar as instâncias!
- Vá, enquanto vocês estão perdendo a filha de vocês!
Aníbal ligou para um ancião do salão que ele frequenta, e o ancião disse
que ia mandar um advogado para derrubar a ordem judicial. Buscaram o
apoio do prefeito Jenner, quando soube que ele odiava a juíza Suely. O
prefeito falou com a juíza Ivana, que imprimiu uma ordem judicial
mandando que não fosse doado sangue para a menina, alegando que "a
família não seria obrigada a aceitar e temos que respeitar as crenças
religiosas."
Houve uma verdadeira guerra entre as juízas, e o estado de saúde de
Áurea só piorava. Mas logo, apareceu uma pessoa para doar sangue para a
menina: a Lyh tinha o mesmo tipo de sangue que ela e pôde doar. Áurea
conseguiu sobreviver. Mas a guerra entre a família dela e o hospital não
acabaria por ali.
Começou então uma guerra judicial. Os pais de Áurea exigiam do hospital
uma idenização por terem desrespeitados as normas da crença deles. Já os
médicos do Hospital afirmaram que apenas queriam salvar a vida da
menina. O ancião do Salão do Reino das Testemunhas de Jeová chegou a
chamar a médica Mandinha Ciel, a juíza Suely, e a doadora Lyh de "servas
do diabo".
O prefeito Jenner e a juíza Ivana, aproveitando-se dessa guerra para
tirar vantagens políticas, decidiram dar todo apoio jurídico à família
dos TJ. O ancião disse para o prefeito:
- Olha, só quero que saiba que não adianta vir se aproveitar desse caso
pra tirar vantagem política, pois nós não nos metemos em política!
Jenner disse:
- Que é isso, isso não passou pela minha cabeça... oras, é um caso
injusto que aconteceu com vocês e tem que ser resolvido. Jamais
tocaremos em assunto de política!
- Assim espero!
A guerra judicial prevaleceu por um mês. Chegou o dia do julgamento. O
ancião acusou Lyh de servir ao inimigo quando doou sangue para a menina.
Lyh respondeu:
- Chega, eu não ia falar, mas agora eu vou falar! A menina está bem,
está com saúde, já voltou a estudar! Ela está cada dia melhor. Eu doei
sangue a ela, sim! Pois se eu não tivesse feito isso, ela não estava
aqui pra contar a história! Estaria agora no túmulo. Como podem querer
deixar uma pessoa morrer por conta de uma religião? Será que Deus
realmente proibiu a doação de sangue?
- Claro que proibiu! - disse o ancião.
- Eu tenho minhas dúvidas...
Houve uma verdadeira discussão ali; mas a juíza Suely havia escolhido
sete jurados para julgarem a questão. Os sete votaram por unanimidade e
deram razão ao hospital, que ficou livre de idenizar a família.
Enquanto isso, Áurea estava feliz, alegre, contente, vendendo saúde, brincando com seu irmão Aurélio e seus amiguinhos...
Fonte: Blog Vila Dourada
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