quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Texto: Direita e Esquerda

A política brasileira passa por profundas transformações. Há quem acredite que as expressões "esquerda" e "direita" perderam o sentido com o passar do tempo. Primeiro, é preciso saber o contexto histórico de ambas as expressões.

Na Revolução Francesa, deputados que se faziam presentes à convenção, se sentavam em lados diferentes, de acordo com sua ideologia. Os que defendiam a manutenção do regime existente (absolutismo), conservadorismo, e as elites econômicas se sentavam á direita. Já aqueles que defendiam profundas reformas sociais, alguns chegando até mesmo a apoiar a revolução, se sentavam á esquerda. Daí, surgiram as expressões. Todo aquele que que é conservador, geralmente da elite, ele é classificado como "direita", enquanto outros que defendem reformas sociais são ditos como de "esquerda". É preciso esclarecer e corrigir um erro histórico: as ideologias nada têm a ver com condição social. Existem muitos pobres que são de direita e muitos ricos que são de esquerda.

A guerra entre as duas ideologias se acentuou a partir de 1945, quando o capitalismo, liderado pelos Estados Unidos (direita), começaram a guerrear contra o socialismo, capitaneado pela União Soviética (esquerda). O mundo acabou dividido entre as duas áreas de influência, até 1990, quando da queda do Muro de Berlim.

A partir de 1964, o Brasil começou a viver uma ditadura militar, claramente direitista. Os Estados Unidos apoiaram o golpe. A intenção era impedir que os países latino-americanos seguissem o exemplo de Cuba, que havia optado pelo socialismo em 1959, quando Fidel Castro subiu ao poder.

No Brasil, surgiu durante a ditadura dois partidos: a ARENA (direita) e o MDB (esquerda). Após o final do regime de exceção, a ARENA deu origem a partidos como PDS, PFL, PL, PPR, PTB, enquanto o MDB virou PMDB e surgiram outros partidos de esquerda, como PT, PDT, PPS, PSDB, PSB, PCdoB, PCB, etc. Sim, até mesmo o PSDB era tido como esquerda. O PSDB, em 1989, no segundo turno, apoiou Lula para presidente.

Em 1994, o PSDB abandonou suas posições esquerdistas e assumiu um lugar ao lado do PFL. Passariam a ser aliados de primeira hora. O então presidente Fernando Henrique Cardoso, aluno de um comunista e até mesmo tendo sido exilado, passou a adotar uma política neo-liberal. Não deu outra: os partidos de esquerda se rebelaram e lhe faziam oposição ferrenha, a exemplo do PT, PDT, PPS, PSB, PCdoB, PCB, PSTU, PCO, entre outros.

Até 2002, quem acompanhou eleições, podia se ver que no País, em todos os estados e quase todas as cidades, as coligações eram mais definidas. Era quase sempre, de um lado, PSDB, PFL, PTB, PL, PPB, enquanto do outro quase sempre estavam PT, PDT, PSB, PCdoB, PPS, entre outros.

Mas em 2002, Lula disputou a presidência pela terceira vez, e para sua coligação, o líder do PT trouxe um "intruso": o PL. Um partido com posições direitistas apoiaria a eleição do Lula, ganhando até mesmo a vice-presidência, com José Alencar. Mas outra surpresa estaria no palanque de Ciro Gomes, candidato a presidente naquele mesmo ano. Quem imaginaria ver numa mesma coligação, o PTB e o PDT, que até então, eram inimigos ferrenhos? O PDT, por sinal, nasceu de uma dissidência do PTB. Brizola teve uma posição contrária ao PTB até aquele ano. Ciro, então no PPS, se não conseguiu outras coisas, mas conseguiu a façanha de reunir no mesmo palanque dois partidos antagônicos. A partir daí, começou uma verdadeira mistura. Quando Lula assumiu o poder, trouxe para seu governo os esquerdistas PDT, PPS, PCdoB, PSB, mas trouxe também os direitistas PL, PPB e PTB, além do PMDB. Mas o PPS e o PDT romperiam logo em seguida com o PT. O PDT ainda voltaria a apoiar Lula e em seguida, Dilma, mas o PPS traçou um caminho sem volta e se uniu de vez aos direitistas PSDB e PFL, que passou em 2007 a se chamar DEM.

Em vários lugares por onde tenho viajado, em épocas eleitorais, pude ver as "misturas". Por exemplo, na cidade de Riacho das Almas, o ex-prefeito Dioclécio Rosendo, do PSDB, foi apoiado por PSDB, DEM, PT, PMDB e PP.

E agora? PT e PSB agora são inimigos. Como fica a situação? Por essas e outras razões, muitos se perguntam se realmente ainda existe "direta e esquerda" no Brasil...

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