Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Em mais uma tentativa de se
contrapor ao PSDB, o governo Dilma saiu em defesa dos jovens que
promovem “rolezinhos” nos shoppings e tentou acusar os adversário de
fazer discriminação social. Na avaliação do Palácio do Planalto, o apoio
à manifestação não apenas serve de antídoto a possíveis atos de
vandalismo como ajuda a aproximar a presidente Dilma Rousseff de jovens
da periferia, nas redes sociais, neste ano de eleições.
Responsável pelo diálogo com os
movimentos sociais, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência,
Gilberto Carvalho, criticou a repressão policial aos “rolezinhos” em
São Paulo e a concessão de medidas liminares, por parte da Justiça, a
lojistas de shoppings, receosos com o movimento dos jovens da
periferia.
GASOLINA NO FOGO - “Mais uma vez, a ação
inadequada da polícia acabou botando gasolina no fogo”, afirmou
Carvalho, que esteve ontem no Recife, onde participou de dois encontros
com jovens de Pastorais da Juventude da Igreja Católica. “Eu não tenho
dúvida de que a concessão dessas liminares (para proteger os shoppings
contra os rolezinhos também é um erro. Para mim é, no mínimo,
inconstitucional.”
O ministro disse que “os conservadores
deste País” devem se conformar que os direitos vieram para todos. “Qual o
critério que você vai selecionar uma pessoa da outra? É a cor, é o tipo
de roupa que veste? Tudo isso implica preconceito, no prejulgamento de
uma pessoa e fere a Constituição”, insistiu Carvalho.
Para a chefe da Secretaria da Igualdade
Racial, Luiza Bairros, declarações como as do senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), que chamou os manifestantes de “cavalões”, podem
acirrar os ânimos. Para ela, a intenção dos jovens da periferia é
totalmente pacífica, mas a reação “preconceituosa” das pessoas brancas
tende a causar problemas.
Na terça-feira, Dilma chamou ao Palácio
do Alvorada os ministros Carvalho, Luiza Bairros, José Eduardo Cardozo
(Justiça) e Marta Suplicy (Cultura). “Ela nos alertou a ter cuidado ao
tratar do assunto”, contou o secretário-geral da Presidência. “Não dá
para embarcar nessa história de repressão.”
A ordem do Planalto é para tratar o
assunto com naturalidade e, sempre que possível, criticar a posição de
parlamentares do PSDB e do governador Geraldo Alckmin, candidato ao
segundo mandato. É em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, que o
PT vai disputar com Alckmin a agenda da segurança.
Dilma, porém, não quer que o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo - em férias a partir de hoje - entre
nesse tema. Motivo: o Planalto fará de tudo para não passar a impressão
de que a presidente está preocupada com depredações e com mais uma crise
de segurança, em uma reedição dos protestos de junho.
MONITORAMENTO - Na prática, a orientação
do Planalto é apenas para que ministros monitorem atentamente os
“rolezinhos”, principalmente na internet, com o objetivo de evitar que
as manifestações sejam apropriadas por vândalos e black blocs.
“A gente tem de ter a humildade de
observar primeiro, de acompanhar e procurar entender mais profundamente
do que se trata”, disse Carvalho. “Todos nós precisamos ter cuidado para
não querer dar uma de sábios.”
FONTE: JC ONLINE
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