O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai encaminhar para a primeira instância a representação que pede uma investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, partidos da oposição protocolaram o pedido contra o ex-presidente por causa de uma reunião em que ele teria pedido ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes o adiamento do mensalão.
DEM, PSDB, PPS e PSOL afirmam que Lula cometeu três crimes --tráfico de influência, corrupção ativa e coação no curso do processo judicial.
Em nota, o PSDB afirmou que "os fatos narrados atentam violentamente contra a independência e a moralidade que devem pautar a atividade pública".
Gurgel encaminhará o caso para a procuradora-chefe da Procuradoria da República do Distrito Federal, Ana Paula Mantovani. Como ex-presidente, Lula não tem mais foro privilegiado.
INDIGNADO
Ontem, Lula negou ter tentado pressionar Mendes. Em nota, ele se disse indignado com o ministro e afirmou que o seu relato sobre a conversa que os dois mantiveram em abril, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim em Brasília, é "inverídico".
Segundo reportagem de sábado da revista "Veja", Lula teria dito a Mendes que seria "inconveniente" julgar o caso antes das eleições.
Jobim, que já havia contestado o relato de Mendes no fim de semana, manteve a negativa em entrevista ao jornal "Zero Hora".
De acordo com a revista, em troca do apoio ao adiamento, ele teria oferecido proteção na CPI do Cachoeira, que poderia vir a investigar as relações de Mendes com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
"A reunião existiu, mas a versão da 'Veja' sobre o teor da conversa é inverídica", diz texto da assessoria de Lula.
A nota afirma que o ex-presidente "jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria-Geral da República em relação à ação penal do chamado mensalão".
BLINDAGEM
Também ao "Zero Hora", Mendes reafirmou seu relato, dizendo que Lula falou várias vezes sobre o tema mensalão, insinuando que poderia acionar congressistas aliados para blindá-lo. "Percebi que havia um tipo de insinuação."
Na noite de ontem, em Manaus, o ministro disse que o próprio Lula pode estar sob pressão.
"Tive ao longo dos anos dezenas de conversas com o presidente, nunca tinha experimentado sensação igual a essa, me parece que ele próprio esteja sobre pressão."
Ele disse que o que o motivou a relatar o encontro com Lula foi quando recebeu informação "de pessoas confiáveis" de que notícias contra ele estavam "sendo plantadas e divulgadas, inclusive com participação do presidente".
Mendes se recusou a comentar o comunicado de Lula, mas disse que o STF está "demorando muito" para julgar o processo do mensalão.
Fonte: UOL Notícias
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