Devido
à seca, produtores de leite, pecuaristas e agricultores que participam
da 71ª Exposição Nordestina de Animais aproveitaram a audiência pública
realizada com o governo estadual para fazer cobranças. O encontro, que
aconteceu nesta quarta-feira (21) no Recife, se transformou em uma
tribuna de críticas, reivindicações e cobranças dos órgãos oficiais. De
acordo com os produtores, a ajuda para enfrentar os efeitos da seca é
lenta, e não chega a todos.
“A ajuda que o governo está nos dando tem que ser bastante ampliada,
porque se não houver ampliação o rebanho vai padecer de uma forma
vergonhosa para nós”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria de
Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite) de Pernambuco, Albérico
Bezerra.
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de
Pernambuco (Sinproleite), Saulo Malta, ressalta que a perda do rebanho e
os prejuízos para a bacia leiteira são gigantescos. “A situação é a
pior possível. A gente imagina perder mais da metade do rebanho do gado
de leite. Para se ter uma ideia, a produção que era de 2.300 milhões
hoje está em menos de 900 mil litros de leite por dia”, reclama.
Subsídio
O secretário de Agricultura Ranilson Ramos anunciou a liberação de R$
2.900 milhões que serão destinados para o pagamento atrasado do subsídio
repassado aos produtores de leite. Além disso, as indústrias de
laticínio estão pagando R$ 1 pelo litro do alimento, que antes da seca
era vendido a R$ 0,76.
Ramos também prometeu mais esforço por parte do governo, em relação ao
atendimento da situação se emergência: "A ajuda tem que ir, com mais
rapidez. Para que a gente possa proteger mais o nosso rebanho. A
expectativa é de que já perdemos 800 mil animais, e que podemos perder
muito mais até o retorno das chuvas. Então é preciso que a gente faça um
esforço ainda maior em relação ao que está sendo feito, para estruturar
melhor as ações, operar melhor, destravar o que for possível da
burocracia".
Chegou milho
Nesta semana os agricultores e pecuaristas receberam uma boa notícia:
das 5 mil toneladas de milho compradas pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) para socorrer os pecuaristas, 800 toneladas já
chegaram ao armazém do Recife. No entanto, apenas quatro caminhões são
descarregados por dia, o equivalente a 16 toneladas. De acordo com o
secretário de Agricultura, a partir dessa quarta-feira (22), mais 25
trabalhadores serão contratados para agilizar o descarregamento de
milho.
O alimento vem a granel, é ensacado e depois segue para nove cidades do
interior de Pernambuco: Caruaru, Garanhuns, Serra Talhada, Floresta,
Salgueiro, Afogados da Ingazeira, Ouricuri e Petrolina. Cada uma deve
receber 100 toneladas por semana.
Antes da seca, 170 pecuaristas estavam cadastrados para comprar o milho
da Conab. Hoje esta lista conta com mais de 15 mil. O milho que está
chegando faz muita diferença para quem sofre os prejuízos da seca. Se no
mercado uma saca de 60kg de milho custa entre R$ 45 e R$ 60, na Conab o
pequeno pecuarista pode levar a mesma quantidade por R$ 18,60.
De acordo com o Conab, a quantidade de milho por pecuarista é limitada:
cada um pode levar 1.500kg. Até dezembro, mais de 50 mil toneladas devem
chegar ao Recife, vindas do Mato Grosso e de Goiás. “Os pecuaristas que
precisam vão receber esse milho. Inclusive, convidamos aqueles que não
forem cadastrados, para que compareçam nos postos onde tem o polo de
venda da Conab, para que se cadastrem e recebam o milho”, afirma o
superintendente da Conab em Pernambuco, Roberto Lins.
Do G1 PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário