segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UM CASAMENTO A CAMINHO DO DIVÓRCIO?

Quem acompanha política com frequencia se acostumou a ver o PT, com Lula, e o PSB, com o saudoso Miguel Arraes, num mesmo palanque, sempre com os discursos afinados de esquerda, tendo como alvo a política econômica neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
Nessa foto, se vê Miguel Arraes e Lula juntos.


A relação entre PT e PSB já vem de muito tempo. Nas eleições de 1989, os socialistas estiveram na chapa da candidatura de Lula, com o José Paulo Bisol na vice. Perdendo a eleição, petistas e socialistas fizeram oposição ao presidente Fernando Collor de Mello, e são sempre citados como os maiores responsáveis pelo impeachment do atual senador alagoano em 1992.
Lula homenageando Arraes.


Em 1994, novamente juntos. Miguel Arraes disputou o governo de Pernambuco, aliado com Lula na presidência da República. Lula perdeu para FHC, mas Arraes venceu Gustavo Krause (então no PFL) para o governo do estado.

Em 1998, as duas legendas experimentariam derrotas históricas. Enquanto Lula perdia novamente para FHC, Arraes era derrotado por mais de um milhão de votos contra o seu adversário de então, Jarbas Vasconcelos (PMDB). Começou então, uma debandada de socialistas para outros partidos, a maioria para o PSDB, como é o caso de Sérgio Guerra, que trocou de partido em 1999.

Em 2000, petistas e socialistas estiveram juntos na eleição histórica para prefeito do Recife, quando João Paulo (PT) derrotou Roberto Magalhães (PFL), que tentava a reeleição. Dois anos depois, PT e PSB não estiveram numa mesma chapa, pois o PT lançou novamente Lula para a presidência, enquanto o PSB apostou em Anthony Garotinho. Com o segundo turno, o PSB novamente se aliou ao PT e levaram Lula à vitória.

Na época do estouro da crise do mensalão, em 2005, o PSB, ao lado do PCdoB, permaneceu fiel a Lula e determinou que o partido continuaria no governo, enquanto outros, como PDT e PPS, romperam. O PDT retornaria anos depois, e o PPS permaneceria na oposição. No mesmo ano, morreu Arraes e seu neto Eduardo Campos assumiria o posto principal na legenda socialista.

Os partidos estiveram aliados novamente em 2006, com a reeleição de Lula para a presidência e a eleição de Eduardo Campos para governador do estado de Pernambuco.

Em 2008, o PSB lançou seu vice na chapa de João da Costa (PT) para prefeito do Recife, com Milton Coelho, e ambos foram vitoriosos. Em 2010, Ciro Gomes (PSB) ensaiou lançar candidatura à Presidência, mas Eduardo Campos decidiu que o partido apoiaria Dilma (que saiu vitoriosa) para presidente. Eduardo foi reeleito governador nessa ocasião, tendo Humberto Costa (PT) como um de seus senadores.

Há algum tempo, Eduardo e Dilma vêm se estranhando
A SEPARAÇÃO

A separação começou em 2012. O PSB começou a se aproximar do PSDB. Enquanto isso, no Recife, o PT não conseguiu conduzir a sucessão para a prefeitura do Recife, rifando João da Costa, que tinha o direito de disputar a reeleição, e lançou o senador Humberto Costa, mas Eduardo preferiu seguir outro rumo, se aliou com Jarbas Vasconcelos (adversário do PT), e lançou Geraldo Júlio, que conseguiu varrer toda a Frente Popular para o seu lado, com exceção do PP, que preferiu seguir com Humberto. Geraldo, porém, foi vitorioso, e o PT ficou em terceiro lugar, perdendo ainda para Daniel Coelho (PSDB). Tal fato provocou mágoas entre socialistas e petistas. O PT não perdoou Eduardo Campos por ter lançado um candidato e apontou o governador como o grande responsável pelo partido ter sido retirado da prefeitura de Recife após 12 anos. O PT ainda acusa Eduardo de ter traído a esquerda, se aliando com setores da direita, como por exemplo, o Jarbas. Já o PSB acusa o PT de não ter sabido conduzir a sucessão, ao proibir que um candidato com todo direito de disputar a reeleição pudesse fazê-lo.

Encontro com Aécio foi a gota d'água
Eduardo Campos vinha criticando abertamente alguns pontos do governo de Dilma, embora dissesse que continuava aliado. Mas Eduardo cresceu de modo que algumas especulações deram a entender que ele seria candidato a Presidente, indo contra o projeto de reeleição de Dilma. Eduardo, porém, começou a circular entre setores da oposição. Conversou com Jarbas Vasconcelos, e com membros do DEM e do PPS de Roberto Freire. Recebeu elogios de José Serra, ex-governador de São Paulo. Mas a gota d'água foi o encontro que Eduardo teve com Aécio Neves, do PSDB, que deverá disputar a presidência em 2014.

Dilma mandou que o PSB desembarcasse do governo, mas Lula preferiu pedir a calma. Só que Eduardo decidiu desligar-se do governo Dilma, e todos os cargos foram entregues. Dilma parece ter voltado atrás e deseja que o PSB ainda esteja ao seu lado, mas os socialistas parecem querer seguir outro caminho. Seria um casamento a caminho do divórcio?

Aguardaremos 2014.

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