Jarbas Vasconcelos (E), autor da PEC considerada 'histórica'
Os senadores aprovaram na noite desta quarta-feira (11), em primeiro e
segundo turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2013,
que determina a perda imediata do mandato de parlamentar condenado, em
sentença definitiva, por improbidade administrativa ou crime contra a
administração pública. A regra só valerá para penas superiores a quatro
anos. A proposta segue para análise da Câmara dos Deputados.
De autoria do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), a PEC foi aprovada
na forma do substitutivo apresentado na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) pelo relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
E teve apoio maciço dos senadores presentes ao Plenário.
Foram 69 votos favoráveis no primeiro turno de votação e 61 no segundo
turno. Em ambos os turnos houve apenas um voto contrário, do senador
João Alberto (PMDB-MA), presidente do Conselho de Ética. Segundo ele,
ainda que condenado, o parlamentar dever ser ouvido pela Casa da qual é
membro. João Alberto disse ainda que não quer perder a prerrogativa de
analisar perda de mandato nos casos previstos pela PEC.
A PEC 18 voltou ao centro das atenções depois que a Câmara decidiu
manter no cargo o deputado Natan Donadon (sem-partido-RO), preso há mais
de dois meses no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, por
peculato e formação de quadrilha. Fica mantida a apreciação, pela Câmara
ou pelo Senado, da perda de mandato de deputado e senador que incorrer
em outros tipos de crimes ou demais hipóteses previstas na Carta Magna.
Eduardo Braga manteve no substitutivo aprovado a mesma ressalva que já
havia feito em relação aos crimes de improbidade administrativa. Nesses
casos, a extinção imediata dos mandatos só deverá ser declarada quando o
Judiciário também estabelecer a pena de perda do cargo, e não apenas
por conta da imposição da suspensão dos direitos políticos do condenado.
Pelo texto da PEC, a cassação do mandato passa a ser imediata, mediante
comunicação do Poder Judiciário, após o chamado “trânsito em julgado”,
quando não resta mais possibilidade de recursos contra a decisão. As
regras também servem para deputados estaduais e distritais, que são
regidos pelas mesmas determinações constitucionais relativas aos
congressistas.
A matéria foi apelidada pela imprensa como “PEC dos Mensaleiros”. Foi
uma associação com o debate sobre a perda automática de mandato de
parlamentares condenados estabelecido a partir do julgamento da ação do
chamado mensalão.
Jarbas afirma que tomou a iniciativa de propor a PEC para elucidar
recentes controvérsias envolvendo a interpretação dos efeitos de
condenação criminal sobre o exercício de mandato no Congresso Nacional.
Para alguns intérpretes, pelas regras atuais não basta a condenação
judicial definitiva, cabendo ainda palavra final sobre a perda do
mandato à Casa Legislativa.
Conquista
Durante as votações nesta quarta (11), mais de 30 senadores
manifestaram-se favoravelmente à matéria e elogiaram Jarbas pela
iniciativa e Braga pelo substitutivo. Os parlamentares também destacaram
o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros, à matéria e sua
disposição de pautá-la para votação rapidamente. Vários senadores,
inclusive Renan, fizeram apelo para que a Câmara aprove a PEC o mais
rápido possível.
Para Renan, a aprovação dessa quarta (11) foi uma oportunidade para o
Parlamento se redimir da "traumática sessão" da Câmara que inocentou o
deputado Donadon.
- Não tem absolutamente nenhum sentido um parlamentar, com um
julgamento que transitou em julgado, que foi condenado pela última
instância do Judiciário, continuar a exercer um mandato - disse Renan,
acrescentando que a futura emenda é uma “importante reforma na
Constituição federal”.
O relator Braga elogiou a iniciativa de Jarbas e destacou as
contribuições, durante a tramitação da matéria na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e dos senadores Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT), Antonio Carlos Rodrigues
(PR-SP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP),
entre outros.
De acordo com Jarbas, o texto aprovado é “uma proposta de todo o Senado”.
José Agripino (DEM-RN) afirmou que a matéria aprovada é produto da
consciência do Congresso, “que não pode conviver com parlamentares
condenados”. Ao declarar o apoio do PCdoB à proposta, o senador Inácio
Arruda (CE) afirmou que se um parlamentar perde os direitos políticos
“não pode se manter no Congresso”.
Rollemberg classificou a aprovação como um “passo importante” para
aumentar o diálogo da Constituição com “a vontade popular”. Para ele, a
futura emenda constitucional vai “melhorar a política no Brasil”.
Mário Couto (PSDB-PA) desejou que “a nação brasileira nuca mais passe”
por caso semelhante à absolvição de Donadon. Armando Monteiro (PTB-PE)
destacou a “tenacidade de Jarbas” ao proporcionar uma “conquista
importante ao Congresso”.
Eunício Oliveira (PMDB-CE) classificou a PEC como “moralizadora” e
“avanço da democracia brasileira”. Antônio Carlos Valadares (PSB-SE)
disse que a sociedade brasileira não suporta a “incongruência” de ver um
parlamentar condenado e sem direitos políticos exercer mandato. Para
ele, o Senado “age na direção do desejo da sociedade brasileira”.
Luiz Henrique (PMDB-SC) lembrou que ele e Jarbas chegaram ao Congresso
Nacional em 1975, dentro do grupo dos “Autênticos do MDB”. Na opinião de
Luiz Henrique, a PEC 18 “demonstra a coerência desse grande
brasileiro”.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que os senadores estão
fazendo "o dever de casa”. Ela frisou que a sociedade exige mudanças na
estrutura política do país, com mais transparência no Poder Legislativo e
mais proximidade do Parlamento com o povo.
Taques classificou a aprovação como um “avanço na Constituição” e
“restauração da função legislativa”. Blairo Maggi (PR-MT) disse que a
nova emenda constitucional fará “muito bem para o país”. Por sua vez,
Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a aprovação da proposta vai eximir o
Congresso de constrangimentos como o do caso do deputado Donadon.
Para Randolfe Rodrigues, a proposta de Jarbas “põe fim a uma
excrescência”. No seu entender, essa é uma das mais republicanas emendas
constitucionais já aprovadas pelo Senado. O senador afirmou que desde a
infância é admirador de Jarbas e se disse honrado por poder conviver
com o colega atualmente.
Eduardo Suplicy (PT-SP) destacou a “determinação e clarividência” de
Jarbas. Waldemir Moka (PMDB-MS) elogiou “a grandeza política de Jarbas
Vasconcelos”. Lídice da Mata (PSB-BA) disse que a aprovação fortalece a
democracia brasileira.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse que essa emenda constitucional vai
evitar que “outro vexame possa acontecer no Congresso”. Jayme Campos
(DEM-MT) classificou a iniciativa de Jarbas como “louvável” por ajudar
na restauração da credibilidade do Legislativo.
O primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), cumprimentou
Renan por pautar a matéria que, segundo ele, “é a melhor resposta” que o
Senado pode dar “aos anseios da sociedade”.
Também elogiaram e declararam apoio à PEC os senadores Aloysio Nunes,
Wellington Dias (PT-PI), Gim (PTB-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF),
Walter Pinheiro (PT-BA), Eduardo Lopes (PRB-RJ), Romero Jucá (PMDB-RR),
Lúcia Vânia (PSDB-GO), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Cyro Miranda (PSDB-GO),
Magno Malta (PR-ES), Lindbergh Farias (PT-RJ), Casildo Maldaner
(PMDB-SC) e Cícero Lucena (PSDB-PB).
Fonte: Blog do Brito
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