Reunindo artistas do circuito independente, o evento traz este ano o tema Ciclos e prossegue sua reflexão sobre o desenvolvimento socioeconômico através de ações no setor de cultura, tomando também como exemplo as próprias iniciativas realizadas no interior da Bahia, seguindo os conceitos ligados à economia criativa. Uma parte dessas ações será retratada através das três exposições de abertura do evento.
O MERCADO CULTURAL tem sido uma das principais plataformas de exportação da música e das artes brasileiras. O projeto tem objetivo de fomentar e fortalecer o intercâmbio entre a produção artística mundial e os movimentos culturais locais. Historicamente, ao longo destas doze edições, vem promovendo ações que envolvem diversas linguagens artísticas. Realizado pelo Instituto Casa Via Magia, tem direção geral de Ruy Cezar e curadoria musical de Benjamim Taubkin. A edição de 2012 do evento tem direção executiva de Talita Costa.
Música do mundo – Tradição e modernidade
A programação musical internacional conta com o espanhol German Diaz,
que toca um instrumento medieval pouco conhecido no Brasil, chamado
viela de roda, mas estabelece uma relação com o contemporâneo ao incluir
loops e efeitos eletrônicos em suas apresentações. O diálogo entre a
atualidade e a tradição também faz parte da proposta do grupo Lindigo,
das Ilhas Reunião, formado em 1999 e que tem pesquisado as raízes da sua
região, especializando-se no gênero maloya, sem nostalgia e amarras
com o passado. Tanto quanto os dois tocadores do ancestral txalaparta
(outro instrumento pouco conhecido entre nós) que formam o Oreka TX, do
País Basco, e abriram novos horizontes para a música folk basca, com
espetáculos inovadores.Entre as atrações brasileiras, os pernambucanos Zé de Teté e Adiel Luna, que mostram tanto a forma mais pura do coco de roda, como cantiga de trabalho, quanto as elaboradas rimas e métricas que o ritmo pode produzir. De São Paulo, o premiado compositor e instrumentista Rodrigo Campos, que começou sua vida artística tocando cavaquinho e percussão nas rodas de samba de São Mateus, na zona leste paulistana. E do Rio de Janeiro, o Itiberê Zwarg e Grupo, com uma obra lastreada no conceito de música universal, criado por Hermeto Pascoal, e formado por multiinstrumentistas. O trabalho aponta para uma nova música erudita brasileira sem deixar a improvisação.
A Bahia completa a programação musical com as orquestras Rumpilezz e Sinfônica Juvenil da Bahia (do programa Neojiba) e Mateus Aleluia. A primeira dá à tradicional percussão baiana uma roupagem harmônica moderna, com uma fusão de sopros. Já a Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia coloca no palco jovens em formação para a música orquestral. Com apenas cinco anos, tem um histórico de apresentações no Brasil e exterior. Quem fecha a programação do MERCADO CULTURAL é Mateus Aleluia, cujo trabalho tem como fonte de inspiração as raízes ancestrais da cultura afrobarroca que brotam em seus cantos e acordes, cheios de beleza, harmonia e universalidade.
Livros, filme e exposições – O valor da experiência
Durante o evento, será lançado livro que reúne artigos Mãe Stella, quinta iyaloriíxá do tradicional terreiro IlÊ Axé Opo Afonjá – Bahia. A publicação contém textos publicados no Jornal A Tarde, na página Opinião – que também dá título ao livro. Sem nenhum desejo de doutrinar os leitores, uma vez que este não é o objetivo da religião em que foi iniciada aos 14 anos e da qual é sacerdotisa desde 1976, Mãe Stella de Oxóssi transmite o que aprendeu e continua aprendendo, com os deuses e com os homens.
O MERCADO CULTURAL também vai promover encontro com Rô Reyes, autora dos cinco volumes da coleção Corpo, Convívio e Linguagem, que trazem reflexões sobre educação e arte-educação a partir de experiências desenvolvidas em escolas e projetos públicos e privados e têm como ponto de partida a práxis pedagógica da Escola Casa Via Magia, sediada em Salvador.
No Teatro Pequeno da Casa Via Magia, acontece a exibição do filme Paraíba, Meu Amor, em três sessões. O documentário, que teve estréia mundial em 2008, é produzido e dirigido pelo suíço Bernand Robert-Charrue. O filme, uma celebração ao forró, alterna entrevistas e trechos musicais e foi gravado nas festas do interior paraibano, com participação dos Aleijadinho de Pombal, o Trio Tamanduá, Pinto do Acordeon e Os 3 do Nordeste. Mas um dos pontos altos do filme é o encontro de Dominguinhos e do acordeonista francês Richard Galliano.
Três exposições abrem a programação do evento. Me Conta… Economia Criativa nos Territórios e Municípios da Bahia apresenta os DVDs com iconografia e textos de três cidades e um distrito: Ibirataia, Ipiaú, Jaguaquara e Valentim. Circunvizinhanças (em processo) traz fotografias de Iêda Marques, que registra modos de viver no Distrito do Valentim. Já Um Passarinho Me Contou mostra os pássaros de Boa Nova recriados em madeira reaproveitada pelo artista popular Jorlando Barbosa, representando uma parte da grande biodiversidade situada na transição entre a mata atlântica e a caatinga.
Fonte: SECultura BA
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