PORTO ALEGRE – Em entrevista ao Jornal do Comércio, de Porto Alegre, o
ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, defendeu a prisão dos
petistas condenados no mensalão e disse que não crê que o julgamento no
Supremo Tribunal Federal (STF) tenha sido político.
— Funcionou o que deveria funcionar. O STF julgou e a Justiça determinou a prisão, então cumpra-se a lei —analisou Dutra.
Um
dos fundadores do PT e ex-ministro das Cidades no primeiro governo
Lula, Dutra classificou o desfecho da ação penal 470 como uma resposta
aos processos de corrupção que, historicamente, “permeiam a política
nacional”. Contrariando a tese majoritária do partido, o ex-governador
sequer criticou a decisão do presidente do Supremo, ministro Joaquim
Barbosa, de ordenar a prisão de José Genoino, José Dirceu e Delúbio
Soares em regime inicialmente fechado.
— Até pode ser questionado,
mas as instituições têm seus funcionamentos internos. O que não se pode
admitir é o toma-lá-dá-cá nas práticas dos mensalões de todos os
partidos, nas quais figuras do PT participaram — avaliou o petista.
Dutra
disse que respeita a história política de Dirceu e Genoíno, mas
ressalvou que o passado de combate à ditadura militar não abona condutas
ilícitas.
— Há personalidades que fazem política por cima das
instâncias partidárias e seguem seus próprios atalhos. Respeito a
biografia passada dessas figuras que lutaram contra a ditadura, mas (a
corrupção) é uma conduta que não pode se ver como correta — criticou.
Dutra,
quando ministro das Cidades de Lula, foi isolado por José Dirceu, então
ministro-chefe da Casa Civil, antes do escândalo do mensalão vir à
tona. Em julho de 2005, foi demitido retirado para dar lugar a Márcio
Fortes, do PP – sigla também envolvida no escândalo de corrupção. Olívio
avaliou que o PT precisa estar acima das personalidades políticas e
disse que, na sentença do STF, “se fez justiça no caso de corrupção”.
—
Não deveria ser diferente (sobre as condenações e prisões). Um partido
como o PT não pode ser jogado na vala comum com atitudes como esta. Com
todo o respeito que essas figuras têm, não é o passado que está em jogo,
é o presente, e eles se conduziram mal, envolveram o partido. O sujeito
coletivo do PT não pode ser reduzido em virtude dessas condutas. O PT
surgiu para transformar a política de baixo para cima. Eu não os
considero presos políticos, foram julgados e agora estão cumprindo pena
por condutas políticas — dispara o líder petista.
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