O PMDB não quer entrar nas eleições municipais do ano que vem com o carimbo de aliado preferencial do PT
Foto: Lula Marques/ Agência PT
Apesar de ter sido contemplado com sete ministérios na reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff em outubro, o PMDB deflagrou nos últimos dias um movimento de descolamento da atual gestão. O partido, que tem como presidente nacional o vice-presidente Michel Temer, quer se diferenciar da petista na área econômica.
Na estratégia definida pela cúpula
peemedebista, o congresso do partido, no próximo dia 17, será o primeiro
grande gesto público dessa movimentação, que tem o objetivo de manter a
presidente sob pressão.
O PMDB não quer entrar nas eleições
municipais do ano que vem com o carimbo de aliado preferencial do PT e
sócio da crise econômica e política.
Em caráter reservado, um integrante da
cúpula peemedebista que integra o governo definiu dessa forma o objetivo
do encontro: "Apresentaremos um programa para disputarmos as eleições
de 2016 e 2018. Mas também precisamos ter um programa para o caso de
termos que assumir o poder".
Para evitar retaliações do Palácio do
Planalto, representantes da ala governista do PMDB evitam tratar do
assunto abertamente e dizem apenas que o congresso não terá a
prerrogativa de tomar qualquer decisão sobre a manutenção ou rompimento
oficial do partido com a presidente Dilma Rousseff. Essa definição,
porém, acontecerá em março, na convenção nacional do partido.
Sem filtro
Os "aliados" do governo esvaziaram as
prerrogativas do encontro, mas permitiram que o evento do próximo dia 17
fosse formatado para constranger o governo. Segundo um dirigente do
partido que está envolvido na organização do encontro, o microfone
estará aberto e todos os presentes poderão votar nas moções que serão
apresentadas ao documento-base.
Sem o filtro da escolha dos
participantes por meio da eleição de delegados na base, a ala dissidente
está livre para mobilizar suas claques. A organização do congresso e a
redação do seu texto-base, intitulado "Uma ponte para o futuro", ficaram
a cargo de um ex-ministro peemedebista que hoje é crítico à política
econômica do governo: Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses
Guimarães. "Queremos não só unificar o partido, mas reunificar o País. O
compromisso do PMDB não é com A, B ou C (partido ou governo) é com o
Brasil. Para reunificar, só com um programa de intervenção na vida
econômica e social", diz ele.
Ainda segundo Moreira Franco, a crise
econômica está se tornando "incontrolável" e a situação é "explosiva".
"Temos que ter a dimensão da gravidade."
O senador Valdir Raupp (RR),
vice-presidente do PMDB, diz que alguns pontos divergentes do documento,
classificado por ele como "duro" contra o governo, precisam ser
reajustados, e que os dissidentes "ainda" não são maioria.
Por outro lado, ele sinaliza claramente o
desejo de evitar os efeitos colaterais de ser aliado preferencial de
Dilma. "Um partido que sempre defendeu as causas populares não pode
enveredar para a direita." Ainda segundo o senador, o PMDB também está
em busca de retomar suas "origens". "Está na hora de voltar às origens
das grandes lutas. Um partido com a idade do PMDB, 50 anos, precisa
começar a discutir uma candidatura própria à Presidência em 2018. Esse
sentimento é unânime", afirma Raupp.
O senador Romero Jucá (RR) diz que o
encontro vai definir um "roteiro" para o Congresso decisivo do partido
em 2016. "Após o encontro de novembro, o documento será debatido nos
Estados e municípios até o congresso, que pode ser antecipado para antes
de março." Ainda segundo Jucá, o documento será uma posição "clara"
sobre economia e questões sociais. O congresso do PMDB também discutirá
mudanças no estatuto do partido e as estratégias para as eleições 2016.FONTE: JC ONLINE
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/politica/nacional/noticia/2015/11/09/por-2016-pmdb-quer-distancia-de-dilma-207133.php
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