quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Palestra sobre o Dia da Consciência Negra é realizada em escola na zona rural de Passira

Uma programação tendo como temática o Dia da Consciência Negra, celebrado no último dia 20 de novembro, foi realizada durante o dia de hoje na Escola Municipal Maria Alves de Lima, no distrito de Bengalas, zona rural de Passira. Além de exposições sobre o tema e apresentações artísticas feitas pelos alunos do educandário, o evento contou com palestra realizada pelo professor Arnaldo Sucuma, da UNIVISA, que abordou o tema de forma brilhante. Nascido em Guiné-Bissau, mas morando há 12 anos no Brasil, Arnaldo, que também é professor do Curso de Serviço Social na UNIVISA e Doutor em Serviço Social, abordou em sua palestra a verdadeira razão da existência da data: "Há uma ideia de que o Brasil é um país que o racismo é inexistente, mas a ideia é equivocada. Infelizmente, há o racismo, que é problema cultural e precisa ser combatido, e a  melhor forma é pela Educação", disse o palestrante.

Primeiramente, o professor mostrou a definição sobre a raça negra: "todos aqueles que são de pele preta ou parda, são negros, é assim que a lei brasileira reconhece", revelou. O professor também citou algumas frases e palavras que teriam origens racistas, tais como: "A coisa tá ficando preta", "denegrir", "catinga de nego", "inveja branca" e "não sou tuas negas". O professor disse: "Para começar a se reeducar quanto a isso, trate de riscar essas expressões do seu dicionário".

O professor deixou claro que a luta contra o racismo não é só para a questão dos negros. "Há também, mesmo que em menor escala, racismo contra os brancos, e outras etnias, e isso é tão condenável como o racismo que vitima os negros e também precisa ser combatido. Todos nós somos iguais, somos belos da forma que somos, e temos que nos aceitar assim como fomos criados", disse Arnaldo.



O professor também defendeu a Lei das Cotas, que atualmente recebe críticas principalmente de grupos conservadores. "Primeira lei de cotas no Brasil foi para beneficiar brancos. Em 1854, a reforma do ensino previa que só os brancos pudessem estudar. Em 1968, foi aprovada a Lei do Boi, que previa que apenas brancos tivessem acesso às Universidades em que passariam a estudar filhos de fazendeiros, mas que eram brancos". Segundo o professor, a referida lei, mesmo que pouco conhecida, acabou originando as chamadas Universidades Federais Rurais, como por exemplo a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco). "A Lei de Cotas aprovada em 2012 é apenas a correção dessa injustiça, pois foram vários anos beneficiando uma única etnia". No final, foi apresentado um vídeo onde crianças eram ensinadas a ler frases racistas na frente de uma pessoa afrodescendente, e o que realmente chamava atenção era a reação das crianças, que tinham um misto de tristeza e indignação com tais frases, ditas por pessoas reais em redes sociais. O professor classificou como "falsa" a ideia passada pelo famoso livro "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre, que o Brasil tratava de igual para igual todas as etnias.



Na referida escola, estudam alunos da Comunidade Quilombola de Chã dos Negros, que se localiza também em Passira. As idealizadoras do evento foram as professoras Maria Martins, que é da comunidade quilombola, Luciana Bebbiano, que leciona História, e Ana Karina Silva.

A diretora adjunta, Marina (a diretora titular não esteve presente por motivos de saúde), destacou a importância do evento, e agradeceu ao professor: "De forma brilhante, foram repassadas as informações e verdades sobre o racismo que ainda impera, e agradeço ao professor, que veio contribuir e somar, e às idealizadoras Karina, Luciana, Gorete e Maria Martins".

Ana Karina, uma das idealizadoras, destacou a importância do tema ser abordado na escola e parabenizou a UNIVISA pela parceria e pela realização do projeto. Maria Martins, professora de História e residente em uma comunidade quilombola, Chã dos Negros e que ensina na comunidade e também na escola há 13 anos, destacou que diariamente se deve lutar pela consciência negra, não apenas no dia 20 de novembro. Mais de 60 alunos dessa comunidade estudam na escola. A professora também relatou um pouco seu dia-a-dia na comunidade. A professora Luciana elogiou bastante a palestra, e lamenta ainda existir racismo no Brasil, mesmo que de forma velada, mas exaltou o trabalho pela conscientização.

























Fotos abaixo da matéria: Ana Karina

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