Maria Betânia precisou alternar o uso de medicamentos para amenizar as dores da chicungunha
André Nery/JC Imagem
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As consequências que a chicungunha pode
causar nos pacientes levam os médicos a discutirem estratégias e
cuidados capazes de amenizar e controlar os sintomas, especialmente se
eles perduram após a fase inicial da doença, que dura cerca de dez dias.
Entre as características que mais exigem atenção, está a persistência
de dor articular, conhecida no meio médico como poliartralgia – queixa
comum em mais de 90% dos pacientes no início da doença, que também se
manifesta com febre de início súbito, dores nas costas, cefaleia e
fadiga.
As dores intensas nas articulações dos
pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos também podem ser acompanhadas por
edemas. Um quadro como esse não deve se limitar ao tratamento
medicamentoso, pois exige também acompanhamento de profissionais da
fisioterapia, necessidade de repouso e uso de compressas frias como
medida analgésica nas articulações.
“Em algumas situações, a dor persiste e
se torna de difícil controle com analgésicos habituais. Por isso, está
em elaboração um novo protocolo de controle da dor, um sinal que
prejudica a qualidade de vida e pode levar a alterações no humor dos
pacientes”, diz o clínico geral Carlos Brito, professor da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE) e que colaborou com a produção de documento
do Ministério da Saúde que orienta profissionais sobre controle da
chicungunha.
![](https://c2.staticflickr.com/2/1602/24149060301_38130a3a8b_b.jpg)
Os reumatologistas têm observado
pacientes que, após uma média de dois meses de início da doença,
manifestam um quadro de artrite. “Precisamos nos preparar para atender
essas pessoas a médio e longo prazos. O vírus da chicungunha parece dar
um gatilho no sistema imunológico. Isso poderia justificar a perpetuação
do quadro inflamatório nas articulações e a baixa resposta a
analgésicos habituais”, acredita a presidente da Sociedade Brasileira de
Reumatologia/Regional Pernambuco, Lilian Azevedo. Ela tem observado,
nos pacientes que permanecem com queixas após a fase aguda, dificuldade
para andar, inflamação das juntas das mãos e pés.
“É importante frisar que 70% das pessoas
que adoecem não terão complicações articulares. Até três semanas, o
quadro se resolve. Nos demais, a dor articular pode permanecer em
períodos que variam de três meses a cinco anos, segundo a literatura
médica. Nos casos crônicos, podemos prescrever medicamento antimalárico e
corticosteroides”, diz a médica Vera Magalhães, coordenadora da
disciplina de infectologia da UFPE.
A dona de casa Maria Betânia Falcão de
Amorim, 54 anos, apresentou os primeiros sintomas de chicungunha em
outubro e só agora tem percebido melhora das dores articulares. “Começou
com febre e calafrio. Parecia que meus ossos estavam se desmontando de
tanta dor no corpo. Fiquei duas semanas sem conseguir me levantar e com
dificuldade para colocar o pé no chão. Meus pés, joelhos e punhos
incharam. Como é que um mosquito pode fazer isso com a gente?”,
questiona. Como outras pessoas que passaram pela doença, ela precisou
alternar o uso de medicamentos e apostar na hidratação. “Até fui a
reumatologista. Muita gente não tem ideia de que a chicungunha seja tão
incapacitante. Só sabe quem tem”, conclui Maria Betânia.
JC ONLINE
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