O período de fim de ano é marcado pelas festividades do Natal e Ano Novo, além das férias. No entanto, o que para muitos é motivo de comemoração, para outros é um momento em que as crises de depressão e ansiedade se tornam mais comuns. Esse conjunto de emoções, nem sempre positivo, ganhou o nome popular de "dezembrite".
Metas não alcançadas, a vida perfeita na internet e cobranças sociais são situações que geram frustrações. Conhecida também como depressão de fim de ano ou síndrome do fim do ano, a "dezembrite" é classificada pelos profissionais da saúde mental como um Transtorno Afetivo Sazonal (TAS).
A "dezembrite", apesar de considerada como algo passageiro, se não diagnosticada e tratada corretamente, pode evoluir e se tornar um transtorno recorrente, causando sofrimento ao indivíduo.
De acordo com especialistas em entrevista ao g1, a "dezembrite" é um conceito que não existe na psicologia, na psiquiatria ou na psicanálise, mas os sentimentos e sintomas associados a essa "síndrome do fim de ano" são reais. Para quem tem quadros de saúde mental, os sintomas dessas doenças pré-existentes podem ser agravados neste ciclo de fim de ano. E mesmo quem não tem questões como depressão, transtornos de ansiedade e afins pode se sentir afetado.
O psicanalista Érico Andrade acrescenta que "a mudança de ano é sentida de forma muito aguda por toda a sociedade, uma vez que há uma celebração comunitária (...) Para pessoas com transtornos mentais, mudar termina sendo algo muito mais doloroso. Então, embora eles estejam sofrendo do ponto de vista de uma doença, de um distúrbio psíquico etc., esse sofrimento elas conhecem. O sofrimento que o próximo ano vai trazer é desconhecido e isso gera uma angústia maior".
Em meio à correria dos 31 dias de dezembro, que caracterizam o marco temporal de mais um ano terminando, quase tudo pode ser gatilho para desencadear a síndrome do fim do ano, como metas não alcançadas, cansaço excessivo, luto familiar, comparação injusta, felicidade inalcançável e cobranças sociais e financeiras.
Ao Midiamax, o médico psiquiatra cooperado da Unimed Campo Grande e PHD em saúde mental, José Carlos Rosa Pires de Souza, explica que "é essencial entender que nem sempre tudo sai como esperado, e tudo bem. Importante é não ter cobrança, nem planejamento sobre o que não poderá cumprir e se culpar por não fazer. Se for fazer, que sejam metas mais realistas. Seja você mesmo, não seja levado pela opinião dos outros e busque sua individualidade".
Buscar o auxílio especializado pode aliviar esse sofrimento psíquico e direcionar as emoções para comportamentos mais saudáveis. Vale ressaltar que a depressão e o transtorno de ansiedade não escolhem idade, gênero, condição social e nem nível intelectual. São doenças que precisam de tratamento e apoio psicológico e psiquiátrico adequados.
*sob supervisão de Camila Godoi
Fonte Portal Terra
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