A atual situação política no Brasil é algo muito sério, e muitos brasileiros ainda não acordaram para a realidade. Temos agora no cargo um homem que foi eleito vice-presidente em 2010 e 2014, mas que com o segundo impeachment na história da jovem democracia brasileira, acabou assumindo a presidência da República em 31 de agosto de 2016. Nessa foto, vemos juntos, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB).
Os problemas que levaram o Brasil à bancarrota, durante o governo da petista, junta-se com uma desconfiança geral com o relação ao peemedebista. Aliados de Dilma alegam "golpe" liderado pelo vice Temer, com a intenção de "tomar o poder ilegitimamente".
Temer, para essas pessoas, é "traidor" e golpista". Mas uma pergunta que não quer calar: Dilma não sabia que Temer nunca compartilhou ideais de esquerda, foi contra direitos trabalhistas importantes na Constituinte de 1988 e foi aliado fiel do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? Como pode cobrar "lealdade" de alguém cuja ficha passada na política não inspirava confiança a uma chapa que deveria ser de esquerda?
Aquele nome que muitas vezes aparece menor, sem destaque, é o nome de alguém que poderá suceder o titular em caso de alguma eventualidade - destituição, renúncia ou morte -, por isso, esse nome deve ser levado a sério.
No Brasil, tivemos vários vices que assumiram a presidência: Floriano Peixoto, em 1891, assumiu com a renúncia de Deodoro da Fonseca. Nilo Peçanha, em 1909, assumiu com a morte de Afonso Pena. Delfim Moreira assumiu em 1918 com o falecimento de Rodrigues Alves. Café Filho assumiu em 1954 com o suicídio de Getúlio Vargas. João Goulart assumiu em 1961 com a renúncia de Jânio Quadros. José Sarney, em 1985, assumiu os destinos da nação com a morte de Tancredo Neves. Itamar Franco, em 1992, assumiu a presidência após o impeachment de Fernando Collor.
Um detalhe curioso em 1961 é que naquela ocasião, o presidente e o vice eram escolhidos em separado. Jânio Quadros, eleito presidente, tinha Milton Campos como vice, mas este foi derrotado. João Goulart foi o mais votado entre os candidatos a vice, deixando Milton Campos pra trás. Já o titular da chapa de Goulart, Marechal Henrique Teixeira Lott, perdeu a eleição presidencial para Jânio. Nessa época, o povo teve o direito de escolher até mesmo o sucessor do presidente - em caso de alguma eventualidade.
Muitos petistas, movimentos sociais, não queriam Michel Temer como vice. Mas o vício do PT em construir alianças escusas para garantir a "governabilidade" custaram o mandato da atual presidente. Em um momento de derrocada da economia, a "gerentona" perdeu o apoio do seu vice, que reclamava em ser "decorativo", fazendo com que o mesmo se aliasse a Eduardo Cunha (PMDB) e aos partidos de oposição como PSDB, DEM, PPS, PSB, SDD, entre outros, para derrubar a presidente.
Em tempo, é bom salientar que as mesmas denúncias que atingiram a presidente na qualidade de candidata, atingiram também o vice. Uma denúncia contra a chapa já foi encaminhada. Por isso, ainda acredito que novas eleições seriam o caminho correto, pois daria a chance ao povo escolher quem realmente deve ficar à frente dos destinos da nação. A ex-presidente e o atual presidente foram "sócios" em vários problemas que afetaram o Brasil. PT e PMDB foram partícipes nessa situação atual de caos econômico e político que vive o Brasil. É justo que o povo tenha o direito de escolha da solução.
Falando somente no impeachment, esse foi o segundo impeachment em 24 anos. Fernando Collor de Mello, empossado em 15 de março de 1990, foi destituído do poder dois anos e meio depois, por um processo de impeachment na época iniciado pelo PT - ironicamente, o partido da segunda presidente que sofreu o impeachment, Dilma Rousseff -, e na ocasião, quem assumiu, foi o vice Itamar Franco, que era do... PMDB, ironicamente o partido de Temer...
O Brasil precisa de uma reforma política, urgente. E seria bom que nessa reforma, se desse ao povo o direito da escolha do vice. Como acontecia em 1961. Hoje, o candidato põe um nome "goela abaixo" e este é eleito sem ter nenhum voto. Alguém "sem importância" que pode acabar assumindo o comando da Nação por alguma eventualidade...
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