Armando, Paulo e Zé Gomes no primeiro bloco do debate
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Os três candidatos ao
governo de Pernambuco não fugiram dos scripts que se esperava deles, no
debate da TV Jornal, realizado na noite desta terça-feira (16).
Destacando, sempre que podia, o legado do ex-governador Eduardo Campos e
repetindo exaustivamente termos como “saber fazer”, Paulo Câmara (PSB)
se apresentou como o líder natural da Frente Popular. Em processo de
queda nas pesquisas, o senador Armando Monteiro (PTB) buscou o embate
com Paulo, ora usando da ironia, ora citando pontos fracos da gestão do
PSB à frente do governo. Não deixou de lado a polêmica do avião Cessna,
em que morreram Eduardo e outras seis pessoas. Já Zé Gomes (PSOL) adotou
uma postura de independência, sempre alegando que as candidaturas de
Armando Monteiro e Paulo Câmara são “faces de uma mesma moeda”.
Em suas respectivas apresentações no
debate, os três candidatos ao governo deram os tradicionais cartões de
visita. Paulo Câmara (PSB) se apresentou como a continuação natural do
legado de quase oito anos de Eduardo Campos. Em segundo lugar nas
pesquisas, Armando Monteiro (PTB) disse ter experiência para fazer o
Estado crescer mais. E Zé Gomes (PSOL) pediu uma “inversão de
prioridades”, revertendo o crescimento econômico de Pernambuco em prol
do desenvolvimento social.
A primeira pergunta entre os candidatos
foi de Zé Gomes a Paulo Câmara. O candidato do PSOL ironizou o discurso
da “nova política” adotado pelo PSB, citando uma suposta doação oculta
de R$ 8 milhões à campanha socialista. “As doações foram todas legais, e
eu faço parte de uma nova geração que aplica o planejamento e a gestão,
sempre ouvindo o povo”, respondeu Paulo, citando, de novo, o nome de
Eduardo. “Trata-se de uma nova cara da velha política”, fuzilou Gomes na
tréplica.
Em sua pergunta a Armando, Paulo citou
como compromisso de campanha o aumento do piso dos professores para R$ 4
mil em quatro anos, indagando depois como o petebista faria o mesmo.
Com um tom mais irônico e agressivo, o petebista disparou: “Como
candidato você é generoso, Paulo, mas como secretário você foi perverso
com o funcionalismo e não reverteu para a categoria os ganhos dos
períodos de maior arrecadação do Estado”.
No momento mais tenso do primeiro bloco,
Armando tentou uma dobradinha – não correspondida – com Zé Gomes,
perguntando ao candidato do PSOL sobre a procedência do avião Cessna que
caiu há pouco mais de um mês em Santos (SP), matando Eduardo Campos e
outras seis pessoas. “É um episódio que precisa ser esclarecido, mas a
campanha do PSB não é a única com esse tipo de prática, Armando. A sua
também recebe doações milionárias”, emendou Zé Gomes.
No segundo bloco, a direção do debate
concedeu direito de resposta ao candidato Paulo Câmara. Ele respondeu à
acusação feita por Armando que associou o seu nome ao beneficiamento
recebido pela empresa Bandeirantes Pneus na gestão do ex-governador
Eduardo Campos, quando Paulo ainda era secretário da Fazenda. Paulo
afirmou que a Justiça Eleitoral já confirmou que a suposta relação com a
empresa é “inverídica” e que o financiamento, concedido pelo Estado em
2005, foi realizado através de um colegiado, integrado pela Fiepe com a
participação de Armando.
Paulo Câmara foi o primeiro candidato a
responder a uma pergunta feita por telespectador, que buscava conhecer
quais eram as propostas do candidato para a infraestrutura de Goiana, na
Mata Norte. O socialista disse que, caso seja eleito, levará 40 escolas
técnicas para a região e capacitará 50 mil jovens. Ele ainda ressaltou
que irá manter as parcerias com os gestores municipais através do Fundo
Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM). Armando, da
coligação adversária, rebateu a resposta de Paulo afirmando que o
governo do Estado tem sido omisso com o crescimento do município.
“Goiana precisa de um plano diretor para que não se gere
desequilíbrios”, disse.
Em resposta ao segundo telespectador,
Armando criticou o atual modelo de segurança pública do Estado. Para
ele, é preciso haver uma repactuação do programa Pacto Pela Vida,
carro-chefe da gestão socialista. Ele propôs a criação de centros de
polícias cidadãs no interior e a expansão das delegacias especializadas.
“A sociedade reclama uma ação emergencial. O Pacto (Pela Vida) tem que
ter um olhar sobre todas as espécies de delitos”, disse. Sobre o
assunto, Zé Gomes cobrou a realização de uma Conferência Estadual de
Segurança Pública com a participação da população e criticou a
“criminalização da pobreza”.
Questionado sobre a possibilidade do
governo exigir a abertura da planilha de lucros do Grande Recife
Consórcios, Paulo se esquivou na resposta. O postulante apenas reforçou
que finalizará os projetos do BRT, dos corredores exclusivos para ônibus
e da navegabilidade do Rio Capibaribe.
O terceiro bloco começou com o
jornalista Antônio Martins Neto, da JC News, perguntando a Paulo Câmara
sobre o real sentido do planejamento no governo do PSB, quando a
Faculdade de Odontologia de Arcoverde, no Sertão, está sem aulas há oito
meses. “Nossa filosofia é planejar, fazer e, caso necessário, corrigir
os erros”, respondeu o socialista.
A jornalista Inês Calado, do portal
NE10, perguntou a Zé Gomes sobre a viabilidade do discurso de esquerda
junto à maioria da população. “Falamos de problemas reais do povo e
enfrentamos uma campanha desigual. Temos apenas 72 segundos de guia
eleitoral”, respondeu o candidato.
O editor de Política do JC,
Gilvandro Filho, perguntou a Armando Monteiro qual seria sua atual
atividade empresarial. “Estou há 15 anos na vida política, mas sou
apenas acionista da Noraço S/A, uma empresa com 68 funcionários”,
informou.
No quarto bloco, Paulo Câmara perguntou a
Armando Monteiro se ter experiência como servidor público não seria um
requisito para ser governador, referindo-se ao seu próprio perfil.
Armando aproveitou o ensejo para reforçar que Paulo possui experiência
na burocracia. “Você é herdeiro. A você seria atribuído a gerência,
nunca a liderança”, cravou. Por sua vez, Paulo ressaltou que o petebista
não possui experiência na administração pública, apenas na vida privada
e que nessa não teria obtido êxito.
Disparando contra a atual gestão e o
ex-secretário Paulo Câmara, Armando perguntou a Zé Gomes qual a
avaliação que fazia da falta de atendimento humanizado na saúde pública.
O candidato do PSOL fez duras críticas à administração dos hospitais
através das Organizações Sociais (OSs), mas sublinhou que “esse também é
o modelo proposto pelo senador”. Armando colocou que pretende criar
Centros de Diagnósticos de Imagem no interior do Estado.
No último bloco, Zé Gomes respondeu à
pergunta de um telespectador sobre projetos para o turismo. “Vamos
enviar um projeto de lei prevendo que os artistas locais sejam pagos
primeiro que os contratados de fora”, ressaltou. Sobre a saúde no
interior, Paulo ratificou a promessa de construir quatro novos hospitais
e seis UPAs especialidades. Armando citou os BRTs parados por conta da
não conclusão do Corredor Leste-Oeste e defendeu o equilíbrio entre a
tarifa de ônibus e a remuneração dos rodoviários.
Nas considerações finais, o petebista
Armando destacou a sua experiência e capacidade de liderança. O
socialista Paulo, mais uma vez, citou Eduardo Campos e prometeu
continuar o seu legado. Já Zé Gomes clamou por um governo com maior
participação popular.
FONTE: JC ONLINE
Nenhum comentário:
Postar um comentário