As mais de 200 famílias ocuparam um conjunto residencial desocupado por risco de desabamento em Piedade desde a segunda (24) (Romulo Chico/DP) |
Mais de 200 famílias e integrantes do Movimento de Luta por Teto, Terra e Trabalho (MLTT) ocuparam, desde a madrugada desta segunda-feira (24), o conjunto residencial desocupado por risco de desabamento em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A ocupação tem o objetivo de reivindicar moradia e ação do poder público para as vítimas de desabamento e inundações que ocorreram na Zona Sul do Recife e em Jaboatão.
O local ocupado é o Condomínio Vila do Mar que estava abandonado e interditado desde 2009, devido ao risco de desabamento por afundamento nas edificações. O conjunto é formado por três prédios de quatro andares, que segundo a Prefeitura de Jaboatão foram classificados como dois deles de alto risco e outro de risco médio de desabamento. Os prédios estão ocupados por centenas de famílias que perderam suas casas e móveis devido às fortes chuvas de maio do ano passado.
Romulo Chico/DP |
“O MLTT, organiza as famílias em áreas de riscos para garantir seu direito à moradia. Apresentamos a constituição federal, ressaltando o direito a eles, e realizamos um cadastro para essas mais de 200 famílias. Nós estamos aqui prestando homenagens aos familiares e vizinhos que perderam vidas, ao mesmo tempo uma forma de protesto que as pessoas tenham direito de viver com dignidade e segurança. Queremos moradia digna a todos e estamos aqui para reivindicar isso, porque é um direito nosso”, declarou Davi Lira, coordenador do MLTT.
Devido a ocupação estar lutando por grande parte dos moradores de Monte Verde, o movimento se chama “Ocupação Monte Verde”. Onde são realizadas reivindicações por moradia e auxílio para as vítimas dos desabamentos e inundações que ocorreram não só em Monte Verde, mas também em Marcos Freire, Barra de Jangada e Cajueiro. Tratando de um protesto para agilidade dos poderes públicos.
"Estamos aqui lutando por moradia digna, onde temos vários familiares que também não têm um de morar, o desemprego está grande e fica só as promessas, onde me cadastrei também na prefeitura para ter minha moradia também, só ficou na promessa, três anos, nenhum chamado, nenhuma ligação. estamos aqui lutando unido e reunido por nossa moradia". Lidiane de Aguiar, coordenadora do MLTT.
Lidiane de Aguiar, coordenadora do MLTT. (Romulo Chico/DP) |
Muitas famílias estão na esperança de que a ocupação possa proporcionar uma solução que buscam a anos, moradia própria e digna, alguns já não possuem nem móveis diante aos incidentes das fortes chuvas. “Perdi minhas coisas devido a um deslizamento de barreira que caiu em cima da minha casa, perdi tudo e só tive tempo de tirar as crianças de dentro. Estamos aqui correndo atrás de uma moradia digna, que até hoje eu não tenho. Porque fui jogada de uma prefeitura para outra, só pegam o meu nome para o auxílio moradia e até hoje não recebi, nem entraram em contato comigo, por isso estou aqui”, disse Rosimere Maria da Silva, vinda de Monte Verde, mãe solo de 6 filhos.
Romulo Chico/DP |
O movimento está ocupando o local pedindo para ações por ações federais, como “Minha Casa Minha Vida” com valores acessíveis a estas famílias, como explica a moradora de Monte Verde, Debora Alves. “Perdi tudo naquela catástrofe que teve em Monte Verde. Eu tinha uma casinha de barraco, perdi minha roupa, móvel e tudo o que eu tinha, só ficam meus documentos porque estava na casa da minha mãe. Hoje, estou aqui porque preciso ter um teto, tenho seis filhos, sou mãe solteira, vivo do auxílio, não estou trabalhando. Está muito difícil a situação, por isso que eu estou aqui nessa luta e eu creio que vai dar tudo certo. Precisamos de “Minha Casa, Minha Vida”, porque é um direito nosso. Porque toda vez que a gente vai se inscrever a gente não pode, porque não tem carteira assinada, muitas vezes eu tentei me inscrever e não pude, então, por favor, que o governo possa nos ajudar a conquistar nossa moradia.
Em nota, a prefeitura de Jaboatão informou que o Condomínio Vila do Mar está interditado desde de 2009, pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), que identificou afundamentos nas edificações. Em três dos blocos, dois foram classificados como de alto risco de desabamento, e um deles tem risco médio. Ainda segundo a prefeitura, foi encaminhado um ofício à seguradora, pedindo providências sobre a ocupação.
Ainda nesta tarde, a Companhia Estadual de Habitação e Obras divulgou que iria até o local para emitir um laudo do atual estado que se encontram as estruturas do Condomínio Vila do Mar. No entanto, a visita foi adiada e a equipe estará realizando a ida dentro desta semana.
Fonte Diário de Pernambuco
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